A atenção dos mercados está voltada à decisão do encontro de política monetária de dois dias do Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos, que termina nesta quarta-feira 27, indicando qual a taxa de juros dos EUA e quais os próximos passos da política monetária contracionista.
As projeções compiladas pelo Investing.com indicam que Fed deve subir as taxas de juros dos EUA em 75 pontos base, na mesma magnitude da última reunião, que foi a maior alta registrada desde o ano de 1994.
Dessa forma, o intervalo de juros dos EUA ficaria entre 2,25% e 2,50% ao ano. Os EUA enfrentam a maior inflação registrada em 40 anos.
No mês de junho, a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor chegou a 9,1% em doze meses, com uma alta mensal de 1,3%.
Segundo o Bureau of Labor Statistics, o aumento foi amplo e pressionado por gasolina, moradia e alimentação.
Já o núcleo da inflação, que exclui preços voláteis, como commodities e alimentos, apresentou uma elevação de 0,7% em junho e 5,9% em doze meses.
Em relatório divulgado ao mercado, o BTG informou que estima alta da mesma magnitude, com poucas alterações no comunicado, mas uma coletiva em Tom Hawkish.
O banco considera que o Fed reconhece uma acomodação da atividade econômica, mas acredita que a autoridade monetária americana entende como seu principal objetivo no momento o combate à inflação.
Claudia Rodrigues, economista do C6 Bank, acredita que o Fed deve subir os juros em 0,75 ponto e destaca que as atenções se concentrarão na fala de Jerome Powell, chairman do Fed, após a divulgação, onde pode indicar os próximos passos da política monetária contracionista.
“Quase 100% do mercado já precifica o aumento de 0,75 ponto percentual. Qualquer coisa diferente disso será uma grande surpresa com potencial para movimentar o mercado”, afirma Claudia Rodrigues.
Segundo Rodrigues, a divulgação de dados recentes da inflação mostram uma aceleração do IPC, o que levou à crença de que o Fed subiria os juros em 1,0 ponto percentual.
“No entanto, falas recentes de membros do Fed e dados mostrando expectativa menor de inflação de longo prazo e varejo em linha com o esperado fizeram as expectativas voltarem para a casa dos 0,75 p.p.”, completa Claudia.
Os agentes do mercado aguardam pela sinalização de Powell sobre as próximas altas, tendo em vista que os próprios membros do Fed projetam uma taxa de juros próxima de acima de 3% ao final do ano, indicando que o ciclo de aperto ainda não está próximo do fim.
O ritmo desses aumentos, porém, ainda é incerto. Para a economista do C6, a opção mais provável é de que Powell mantenha as portas abertas e indique que aumentos futuros dependerão das próximas divulgações da inflação e da atividade econômica nos EUA.
Marcela Rocha, economista-chefe da Claritas, espera a manutenção do ritmo de aperto monetário.
“Desde a última reunião, tivemos notícias mistas no cenário econômico. Pelo lado de pressões inflacionárias, tivemos dados de mercado de trabalho e índice de inflação de junho com notícias negativas”. afirma Marcela
A manutenção de desemprego em nível baixo e nível forte acima do esperado dos salários mostram que o Fed não tem espaço para reduzir as altas.
Apesar disso, outras notícias mostram que o Fed não teria que intensificar o aperto, com desaceleração da atividade econômica indicando contração em alguns setores, com quedas das vendas de casas existentes e da venda de casas novas.
Maria Levorin, gestora da Multiplica Capital, concorda com a visão de que o Fed deve subir os juros em 0,75 ponto percentual.
“É importante mencionar que a subida nos juros não será suficiente para diminuir a alta nos preços e ainda deve piorar a situação de crédito das empresas, aumentar o risco para os bancos e desincentivar os investimentos, deixando na mesa parte da possibilidade de crescimento do país”, pondera Maria.
A visão é contemplada por Raone Costa, economista-chefe da Alphatree, afirma que a discussão sobre recessão e confiança perto das mínimas históricas contribuem para que a contração não seja maior.
“O Fed está tentando subir rapidamente as taxas de juros para patamares não tão estimulativos quanto antes e a partir daí novos aumentos serão feitos de forma mais comedida.” diz Raone.
Débora Nogueira, economista-chefe da Tenax Capital, também espera alta de 0,75 ponto percentual.
“Na reunião passada, houve uma aceleração do ritmo de 0,50 p.p. para 0,75 p.p. na sequência de uma inflação mensal muito alta e de indicador de expectativa de inflação mais elevado. Desde então, tivemos um IPC muito alto, acima de 9%, o de junho foi ainda maior do que o de maio, com altas espalhadas em segmentos que tendem a trazer inflação mais persistente, foi um indicador com qualitativo muito ruim. Por outro lado, expectativas de inflação mais longas cederam um pouco”, completa Débora.
Preços do petróleo e da gasolina mais baixos influenciaram nas projeções de longo prazo.
Por mais que haja tendência de enfraquecimento da atividade econômica, o FOMC não deve indicar mudanças na política, segundo a economista, mas sim um discurso duro de combate à inflação.
A mesma visão segue com Christopher Galvão, analista da Nord Research.
“O Fed deve promover uma nova alta de 0,75 ponto percentual e nenhum argumento justificaria uma redução de passo. Para as próximas reuniões, tudo depende do tom, mas o mercado acredita em uma redução menor, de 0,50 ponto”, afirma Galvão.
Fontes: investing.com